07 outubro 2010

entreguerras

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Hoje bateu cansaço.

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Foi intenso: mexeu com sonhos adormecidos, mobilizou forças que pareciam esgotadas, fez reviver emoções quase esquecidas. Renovou um contrato que eu já julgava rompido, refez um compromisso que eu pensava extinto. Assim, buscando na memória da alma o que há de valor no passado, atualizou o presente, projetou um futuro. Mudou tudo.

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Quem fez isso? Uma força, aquela que sustenta essa pessoa indescritível, Marina, e move tudo e todos que estão ao redor, perto ou longe. Uma necessidade, a de recompor-se com o mundo, dar-lhe e dar-se nele algum trabalho enquanto existimos, ele e eu. Um amor, que afinal ainda não morreu, por estes seres tão humanos com quem compartilho a vida. E o desconhecido inexplicável tempo, quando chega –e chegou.

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Mas hoje olhei as ruas desta grande cidade, a pressa de sua gente, seu inigualável e intrincado mecanismo, e senti uma súbita ausência de barro e raízes. Meu olhar buscou em vão um chão com folhas e formigas. Meus pés desejaram caminhos conhecidos, em que eu possa andar olhando para o céu.

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Voltar à base, pensei. Meditar, mastigar, deitar na velha rede o novo tempo vivido, a nova batalha lutada, as novas lições aprendidas.

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Levar a mudança pra casa. Dormir com ela. Com ela acordar.

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