21 fevereiro 2010

Mais uma

De Carlos Eduardo Lins da Silva, ao se despedir do cargo de ombudsman da Folha de S. Paulo:
“... uma eleição presidencial em que se exercitarão com força total os piores instintos de parcela pequena mas nefasta do eleitorado engajada na guerra sectária de partidos políticos que vem desgastando o tecido das relações sociais no país há alguns anos.
A arena de debate político no Brasil se transformou para algumas pessoas em ringue de combate da modalidade "ultimate fight". Para esses trogloditas do espírito, a força do argumento parece diretamente relacionada com a intensidade do insulto: acham que ganharão mais discípulos se conseguirem xingar mais alto e no mais baixo nível os seus inimigos.
Não sou talhado para esse tipo de embate. Não tenho habilidade, disposição, instrumental para me sair bem nele. Se isso é o que se requer para garantir a sobrevivência das espécies neste ambiente social, prefiro estar entre as ameaçadas de extinção
”.

Nos últimos dias, outros jornalistas comentaram a virulência e a baixaria na internet, principalmente nos comentários em blogs. De minha parte, já vi que é inútil reclamar. Olha que pra mim as coisas estão diferentes porque, com Marina na disputa nacional, é como se fosse alguém da família exposta aos insultos dos estranhos, e isso dói mais. Entretanto, no mundo da política, é apenas mais uma eleição. Por isso transcrevo o que escrevi em julho de 2004, no blog o espírito da coisa:

... A irritação é constante, às vezes disfarçada de justa indignação, e faz com que os problemas mais comezinhos se transformem em tragédias. A atitude é de permanente defesa, a culpa não é minha, e como a melhor defesa é o ataque, a culpa é deles. Um ataque verbal bem sucedido provoca um alívio temporário na irritação, que é substituída pela sensação de poder, agora ferrei com eles!, e reforça a couraça para novos embates. O inverso disso, uma agressão sofrida, resulta em ebulição no caldeirão de óleo que respinga queimando as entranhas e provocando ânsias de vômito.
Personas do teatro público, ou, para falar uma linguagem atual, os ícones da mídia, agem como catalisadores de todos esses sintomas e significados. Façam ou não façam qualquer coisa, é em torno deles que se forma o pandemônio da epidemia emocional. São eles que dão direção à crise, articulam as noções de lado, aliado e oposto, de bem e mal, ruim e pior. Sem eles, o surto não teria controle nem limites, pela ausência da autoridade que determina a censura e premia a auto-censura. Sem eles, o ódio se espalharia como num campo, sem barreiras mas também sem objeto nem conseqüência, inútil. São eles que recolhem o ódio público e usam de maneira mais ou menos eficiente: uns contra os outros, na conquista de território, na construção de estruturas, no reforço das couraças coletivas. (É uma técnica relativamente simples, criar a onda em que vai surfar.)


E em setembro do mesmo ano, pouco antes da eleição:
A histeria irresponsável dos gritos, o vômito do rancor, a pestilência da raiva, as fobias que vagam pelas noites, a cobiça que arde nos olhos, a inveja que amarga a boca, tudo isso vai passar. É necessário que se revele -que rache ao sol e seja lavada pela chuva- toda essa doença que se oculta em nossos pântanos interiores. Acumulamos sofrimentos por muito tempo, no fígado, nos intestinos, nos ossos. É demorada a cura, a restauração do equilíbrio alegre e da serenidade confiante”.

Enfim, mais uma vez, lá vamos nós.

08 fevereiro 2010

Anzol no beiço

Rendo-me à evidência de que uma parte interessante da campanha política migrou para o twitter. Lá estou como @antonioacre, seguindo @silva_marina, que, aliás, hoje está fazendo anos. #vivaMarina!
(quero só ver o que a Veriana vai dizer...)