Tudo é tão indizível que acaba em silêncio. E essa gente toda, nós outros, tagarelando feito doidos. Se ao menos não tivesse essa friagem, esse vento seco e esse céu de um azul tão limpo, talvez as palavras servissem como embalagem para as coisas sólidas e quentes, coisas densas que impusessem sua existência inevitável e dolorosa. Mas o princípio do verão amazônico é uma alegria luminosa, como se Deus, descalço, pisasse em folhas.
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Um inventário do silêncio registra: vizinho varrendo o quintal, filhotes de cachorro brincando, crianças correndo, ônibus que passa, periquitos no coqueiro, mãe chamando filho para tomar banho, o martelo de alguém que conserta uma escada, alguma música incidental num rádio distante. Cabe mais, talvez, tudo a seu tempo.
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Cabe ouvir.
13 maio 2010
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5 comentários:
Um momento feliz é melhor do que o tempo que ri e zomba. rs rs rs
De fato cabe ouvir o silêncio da noite!
Bjos.,
Lu
Putz maninho tu tava inspirado hein?
Gostei
nada como um céu e um cerrado...
Lembrei de Bethânia.
Eu quero colo
Um berço
Um braço quente em torno do meu pescoço
Uma voz que cante baixo
Que pareça querer me fazer chorar
Eu quero um calor no inverno
Um estravio morno da minha consciência
E depois em sumo
Um sonho calmo
Um espaço enorme
Como a Lua rodando entre as estrelas
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