Passei muitos dias sem ver a Terra, confinado aos arredores deste computador. Ainda assim –e por isso mesmo, aliás- não consegui escrever uma linha. Tomei uma grande dose de internet, enfiando-me nas minúcias do noticiário, nas centenas de análises e milhões de comentários. Tarde da noite, extenuado, desligava a máquina e procurava, com atenção nos atos e coisas mais simples –banho, roupas, dentes, portas e janelas-, chamar o sono e espantar os sinais evidentes de depressão.
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O mundo virtual, que se amplia veloz na mente humana, é uma plantação infinita de ódio, intolerância e preconceito. Todos gritam exasperados ou resmungam venenosos sobre qualquer assunto, com evidente preferência para aqueles sobre os quais não entendem nada. Pior que os ignorantes, porém, são os especialistas: desfilam com destaque na passarela ostentando obviedades extraídas de manuais e cartilhas do século retrasado, dois degraus abaixo do senso comum, preocupados em posar para a foto com cara de cientista, analista, ideólogo, pesquisador, mal conseguindo disfarçar sua alegria pelos 15 segundos de fama e oportunidade de deixar telefone para contatos.
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Veriana me deu a receita: “de vez em quando a gente tem que sair de todas as redes sociais e passar alguns meses se desintoxicando”.
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Ontem vi o luar sobre a Terra e o reflexo das estrelas na água do açude. Depois, nuvens. Chuva na varanda, madrugada adentro. E hoje comi um biribá madurinho, cuspindo as sementes no barro molhado. Peguei ônibus lotado: homens com sacolas, mulheres com crianças no colo, muitos jovens voltando do passeio. Este mundo é possível?
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Passei a vida lutando nas ruas, pregando nas praças. Agora descubro passagens ocultas, varadouros, atalhos, feitos de anonimato e silêncio. Qualquer hora saberei aonde levam.
8 comentários:
Caro amigo,
Sinto alguma amargura. Tem fundamento?
abraço
Nilo
E o tempo algum torna-se quase em tempo nenhum... Seria demais pedir 8 horas de trabalho, 8 horas de sono, e 8 horas de tempo para coisas pessoais (diversão, conversação, meditação, contemplação...)... Eita vida moderna!!
Um grande abraço querido Toinho! E que a magia da Floresta te inunde com novas forças nessa sexta-feira santa, para que na Páscoa a renovação seja completa!
Paz a todos!
Eis um grande abraço, Toinho. Matt
Veriana te deu a receita certa: “de vez em quando a gente tem que sair de todas as redes sociais e passar alguns meses se desintoxicando”.
Aí tu poderás descobrir para onde vão os varadouros, as passagens ocultas, os atalhos e até o encanto das praças, na qual caminham, passeiam, obvservam os que nela frequentam numa pluralidade de vidas - murmurando ou no silêncio.
Beijos,
lu
se vc estive msn me add ai blz meu msn e vozdesena@hotmail.com
e me segui la o meu blog www.vozdesena.blogspot.com
Tu é engraçado mesmo... Me faz criar um blog e depois manda fazer dieta pra desintoxicar... Agora é tarde, meu caro... Passa por lá (colunamiolodepote.blogspot.com), quem sabe nos encontramos virtualmente, embora eu ainda prefira a conversa "cumprida" no Alto...
Ei Toinho,
Já dizia um sábio Mestre das Índias , Shrii Shrii Anandamurti...
O segredo é olhar a lua no céu
Não refletida no lago...
Paz e Luz
Pois é meu tio... e nós cavaleiros virtuais, que da Passárgada prometida fomos jogados em loucuras, devaneios... violência e sordidez.
Nos sentimos cheios mas não satisfeitos de informações e compulsivamente vamos nos afundando mais e mais. Involução é a palavra.
http://conhecimento.incubadora.fapesp.br/portal/trabalhos/arquivos/mhashimo/evolucao.gif
O cansaço também me alcança.
[]'s (isso são abraços) ;-P
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