Este corpo não foi a Copenhague, esta mente ainda não voltou de lá. Passei os últimos dias procurando notícias. Marina ganhou todas. Lula, que antecipou sua chegada à reunião antes que a desinformada e arrogante Dilma botasse tudo a perder, acabou assumindo propostas que antes recusava na tentativa de evitar o naufrágio do navio em que viaja com os "líderes" do mundo. Foi engraçado ver, hoje pela manhã, o artigo do Zé Dirceu criticando a proposta de Marina (da contribuição brasileira ao fundo mundial do clima) no exato momento em que Lula discursava na Conferência desse aceitando o "sacrifício" e recitava o mea culpa: isso acontece porque não cuidamos antes. Digo que foi engraçado mas, francamente, nem dá pra rir.
Estive em Brasília em outubro e fiquei surpreso ao notar que Marina, embora falasse da importância da Conferência de Copenhague, não parecia estar ansiosa com os resultados. Perguntei a respeito e ela deu a entender que o resultado real era a mobilização e o esclarecimento da população e que isso já estava ocorrendo, independente das posições oficiais dos governos. Hoje entendi isso com mais clareza ao ler o artigo de Saleemul Huq, que publico agora, no momento em que Obama, Lula e outros "líderes" iniciam mais uma reunião de emergência para tentar chegar, nos últimos momentos da Conferência, a um acordo que não salve o mundo mas ao menos as aparências.
O dia que tudo mudou em Copenhague
Estive em Brasília em outubro e fiquei surpreso ao notar que Marina, embora falasse da importância da Conferência de Copenhague, não parecia estar ansiosa com os resultados. Perguntei a respeito e ela deu a entender que o resultado real era a mobilização e o esclarecimento da população e que isso já estava ocorrendo, independente das posições oficiais dos governos. Hoje entendi isso com mais clareza ao ler o artigo de Saleemul Huq, que publico agora, no momento em que Obama, Lula e outros "líderes" iniciam mais uma reunião de emergência para tentar chegar, nos últimos momentos da Conferência, a um acordo que não salve o mundo mas ao menos as aparências.
O dia que tudo mudou em Copenhague
Por Saleemul Huq*
Copenhague, 18 de dezembro (Terramérica).- Trabalhei em temas de mudança climática por muitos anos, primeiro como pesquisador em minha Bangladesh natal e depois no Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, e como membro do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática. Vi com meus próprios olhos as ameaças que representam a mudança climática nas regiões secas da África, nas montanhas do Himalaia e nos vastos deltas baixos da Ásia. Testemunhei anos de falta de ação nas cúpulas da Organização das Nações Unidas, que não deram a resposta necessária porque os negociadores escolheram proteger estreitos interesses nacionais e econômicos em lugar de assumir o desafio de proteger as gerações futuras.
Discuti com os que negam a mudança climática e têm fortes vínculos com indústrias poluentes, e que nunca estiveram nas aldeias e comunidades vulneráveis, onde a mudança climática já mostra seus impactos. Se o fizessem, notariam o dano que sua ideologia causa nas pessoas que menos contribuíram com esta ameaça mundial. E agora, em dezembro de 2009, em Copenhague, creio que chegamos a um ponto de inflexão. Copenhague será lembrada nos próximos anos. Não pelo que ocorrer hoje, quando os líderes mundiais encerrarem a 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), mas pelo que ocorreu no sábado passado.
Naquele dia, gente dos mais diversos estilos de vida de todo o mundo assumiu a iniciativa que deveria ser ostentada pelos que se dizem nossos líderes. Além das palavras que estes presidentes e primeiros-ministros decidirem incluir em um “protocolo” ou “acordo”, é o povo do mundo que tem de escrever no muro. Os líderes que decidirem ler essas palavras nos farão avançar. Aqueles que as ignorarem serão arrastados pela maré da história. O dia 12 deste mês assinala o momento em que grande parte do mundo se levantou para executar uma mudança verdadeiramente global. Haverá retrocessos (como um acordo medíocre esta semana), mas a maré já se movimentou. E não pode voltar atrás.
Mais além do que conseguirmos em Copenhague – e sou otimista, apesar das manobras políticas – estamos em um caminho novo e inexorável. Os líderes que compreenderem isso podem proceder dos lugares mais inesperados. Vejamos, por exemplo, o presidente Mohammad Nasheed, da diminuta Maldivas.
Em poucos meses voltarei a Bangladesh para combater a mudança climática real, para opor-me às más (ou inadequadas) políticas que a abordam. Minha ambição para os próximos anos é ajudar a população de um dos países mais pobres e vulneráveis – e, entretanto, mais resiliente e inovadora – para que deixe de ser o emblema mundial de vulnerabilidade e passe a ser reconhecido como, talvez, o que melhor se adapta.
Volto à minha pátria para criar um novo Centro Internacional para a Mudança Climática e o Desenvolvimento, no qual aspiramos aprofundar a capacidade de governos, organizações da sociedade civil, pesquisadores, acadêmicos, jornalistas e muitos outros atores das nações em desenvolvimento para responder aos desafios que a mudança climática apresenta. O novo centro oferecerá capacitação sobre como sobreviver (e inclusive prosperar) em um mundo aquecido. Focará principalmente na adaptação à mudança climática nas nações menos adiantadas, mas não se deterá nisso.
Na verdade, planejamos criar instrumentos para que os países industrializados possam enfrentar impactos climáticos adversos. Paradoxalmente, o mundo rico que causou este problema não planejou em detalhe com adaptar-se a ele. Volto à frente de combate à mudança climática, onde a luta real já está em marcha. Vou sabendo que milhões de pessoas de todo o mundo compartilham minhas esperanças e meu otimismo quanto a que a humanidade pode unir-se para enfrentar o desafio que pode determinar nossa vida sobre a Terra.
* Saleemul Huq é membro do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e autor principal dos informes do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC), ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007.
Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
Discuti com os que negam a mudança climática e têm fortes vínculos com indústrias poluentes, e que nunca estiveram nas aldeias e comunidades vulneráveis, onde a mudança climática já mostra seus impactos. Se o fizessem, notariam o dano que sua ideologia causa nas pessoas que menos contribuíram com esta ameaça mundial. E agora, em dezembro de 2009, em Copenhague, creio que chegamos a um ponto de inflexão. Copenhague será lembrada nos próximos anos. Não pelo que ocorrer hoje, quando os líderes mundiais encerrarem a 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), mas pelo que ocorreu no sábado passado.
Naquele dia, gente dos mais diversos estilos de vida de todo o mundo assumiu a iniciativa que deveria ser ostentada pelos que se dizem nossos líderes. Além das palavras que estes presidentes e primeiros-ministros decidirem incluir em um “protocolo” ou “acordo”, é o povo do mundo que tem de escrever no muro. Os líderes que decidirem ler essas palavras nos farão avançar. Aqueles que as ignorarem serão arrastados pela maré da história. O dia 12 deste mês assinala o momento em que grande parte do mundo se levantou para executar uma mudança verdadeiramente global. Haverá retrocessos (como um acordo medíocre esta semana), mas a maré já se movimentou. E não pode voltar atrás.
Mais além do que conseguirmos em Copenhague – e sou otimista, apesar das manobras políticas – estamos em um caminho novo e inexorável. Os líderes que compreenderem isso podem proceder dos lugares mais inesperados. Vejamos, por exemplo, o presidente Mohammad Nasheed, da diminuta Maldivas.
Em poucos meses voltarei a Bangladesh para combater a mudança climática real, para opor-me às más (ou inadequadas) políticas que a abordam. Minha ambição para os próximos anos é ajudar a população de um dos países mais pobres e vulneráveis – e, entretanto, mais resiliente e inovadora – para que deixe de ser o emblema mundial de vulnerabilidade e passe a ser reconhecido como, talvez, o que melhor se adapta.
Volto à minha pátria para criar um novo Centro Internacional para a Mudança Climática e o Desenvolvimento, no qual aspiramos aprofundar a capacidade de governos, organizações da sociedade civil, pesquisadores, acadêmicos, jornalistas e muitos outros atores das nações em desenvolvimento para responder aos desafios que a mudança climática apresenta. O novo centro oferecerá capacitação sobre como sobreviver (e inclusive prosperar) em um mundo aquecido. Focará principalmente na adaptação à mudança climática nas nações menos adiantadas, mas não se deterá nisso.
Na verdade, planejamos criar instrumentos para que os países industrializados possam enfrentar impactos climáticos adversos. Paradoxalmente, o mundo rico que causou este problema não planejou em detalhe com adaptar-se a ele. Volto à frente de combate à mudança climática, onde a luta real já está em marcha. Vou sabendo que milhões de pessoas de todo o mundo compartilham minhas esperanças e meu otimismo quanto a que a humanidade pode unir-se para enfrentar o desafio que pode determinar nossa vida sobre a Terra.
* Saleemul Huq é membro do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e autor principal dos informes do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC), ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007.
Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
8 comentários:
"Minha ambição para os próximos anos é ajudar a população de um dos países mais pobres e vulneráveis – e, entretanto, mais resiliente e inovadora – para que deixe de ser o emblema mundial de vulnerabilidade e passe a ser reconhecido como, talvez, o que melhor se adapta."
pra mim essa frase resume muita coisa. Salvar o planeta? Parece coisa de super heroi, e disso, os governantes mundiais não tem nada. Se formos depender deles, então é melhor começarmos a procurar formas de nos adaptar ao "novo mundo" q está por vim.
Sobre compenhague, tenho 2 perguntas:
1) quem não cumprir o acordo/tratado/pacto/etc vai sofrer que consequencias? Será multado?
2)Haverá uma prestação de contas anual sobre as ações que estão sendo pactuadas? Como podemos ter acesso, e assim, fiscalizar esses governantes?
Até agora nenhuma materia de jornal me respondeu isso.
Acabo de ver o noticiário: não houve acordo. As dúvidas que Veriana coloca eram os principais pontos de desacordo. Um: alguns países não queriam "metas vinculantes", ou seja, que passassem a gerar obrigações legas e tivessem que ser cumpridas sob pena de sanções diplomáticas, econômicas etc. Dois: outros países não queriam que suas ações fossem fiscalizadas e suas metas fossem, verificadas por observadores externos.
No final, talvez valha o que diziam algumas vozes do ambientalismo mundial: não ter acordo é melhor do que um acordo ruim. Mas isso vamos ver.
olha eu acho 2 coisinhas:
a) Compenhague foi um enorme fiasco,o chocolate Copenhague, esse continua gostoso, apesar do preço salgado.
b) A plebe rude e ignara do planeta nao esta nem ai para o assunto, isso so mobiliza eco chaaatos, ONGs e uma penca ainda maior de gente frustada ou socialytes desocupadas.
Então desde que o mundo é mundo as coisas seguirao o rumo que devem seguir, a despeito desse povin que habita este lugarzin miserento chamado Terra.
anónimo
My God, escrever um comentário no momento que estava esperançada depois de ler o artigo de Saleemul Huq e me defrontar com o comentário acima de quem nem coragem tem de assinar sua opinião (se é que ele emitiu uma opinião), me criou um sentimento ambíguo: tristeza em saber que pessoas que se dizem pessoas (será que são?) chamam o povo de "povin" e a Mãe Terra de "lugarzin" "miserento" (convido-o, então, Seu anônimo a ir a habitar outro planeta...); e, ainda mais, que vc acha tudo natural as coisas como estão, mas mesmo assim chama nosso planeta de miserento. O que vc está fazendo aqui?
Que pena que vc colocou pedras no meu caminho, mas como diz o poeta saberei tirá-las e voltarei para comentar sobre os ensinamentos de alegria e esperança que me causou Sallemul Huq e a sábia Marina Silva, depois dos resultados da Conferência de Copenhagem. Contudo, e apesar de tudo... Gradecida Antonio Alves por colocar esse belo texto em seu blog e, com base no exemplo de seu autor, a gente poder pensar em outros caminhos, muito mais férteis que os resultados da Conferência da Aparência. Aliás, sem dúvida alguma.
Abraços,
Luciahelenadeoliveiracunha
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semelokertes marchimundui
Antonio,
Li uma longa reportagem sobre as implicações de se ter assinado um acordo em Copenhague, nesta recente Conferência, principalmente para os países pan-africanos para quem o aumento de até 2 graus já representa uma impossibilidade de sobrevivência.
Eles dizem que, foi melhor para eles e, para o mundo, não ter chegado a um acordo agora - a um mau acordo:"(...)No início dessa negociação a mera noção de um adiamento era uma heresia ambiental. Mas agora muitos estão vendo o valor de se diminuir a pressa e de fazer a coisa certa. Mais significativo, após descrever o que significariam 2°C para África, o arcebispo Tuto pronunciou que é 'melhor não se chegar a nenhum acordo, do que se assinar um mau acordo'. Isso com certeza seria um desastre político para alguns chefes de estado – mas poderia ser a última chance de se evitar um desastre real para todos os demais".
Contudo e, apesar de tudo, desejo um Feliz Natal para vc e para os demais amigos acreanos, com muito frescor...
Abraços,
luciacreana
Nada mudou,em Copenhagui ou alí na experimental, nada mudou. Mudaram os passos das pessoas, de uma esquina a outra, mudaram de rota barcos e avioes, carros e cycles.O que mudou no rosto do planeta? se alguma coisa mudou,permanece contida,invisivel,absorta em sua mudanca.Mudamos, para aonde?
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