Poeta levantava-se todos os dias disposto a desmontar a Máquina do Mundo. Lutava com ela enquanto havia luz, às vezes nem parava para comer -um simples descuido e seria engolido, o que, aliás, aconteceu muitas vezes. À noite costumavam descansar e preparar estratégias para a refrega que continuaria, incansável, no dia seguinte. Digo costumavam porque a Máquina do Mundo empenhava-se na disputa, sabia que poderia ser desmontada definitivamente e resistia. Mais: sem a luta de Poeta, não via sentido em existir, era uma máquina inútil e dispendiosa. Mas ele não sabia que sabia disso, apenas lutava e, nas raríssimas vezes que vencia, voltava para casa triunfante, convidava os amigos e tomava uma taça de vinho para comemorar.
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Com o tempo, foram cansando. Nos dias de luta, param para almoçar -e às vezes o fazem juntos, conversando sobre a vida. Terminam cedo, aos sábados.
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Poeta passa agora muitos dias em casa, cuidando das plantas e escrevendo um livro, um longo e minucioso inventário de estratégias para desmontar a Máquina do Mundo.
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Ela também já não se empenha tanto em manter-se funcionando. Tem dias que fica por aí, totalmente destrambelhada. O mundo, por isso, está cada dia mais cheio de falhas e desastres. Mas em alguns dias surpreendentes é invadido por enormes e súbitas ondas de poesia.
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Com o tempo, foram cansando. Nos dias de luta, param para almoçar -e às vezes o fazem juntos, conversando sobre a vida. Terminam cedo, aos sábados.
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Poeta passa agora muitos dias em casa, cuidando das plantas e escrevendo um livro, um longo e minucioso inventário de estratégias para desmontar a Máquina do Mundo.
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Ela também já não se empenha tanto em manter-se funcionando. Tem dias que fica por aí, totalmente destrambelhada. O mundo, por isso, está cada dia mais cheio de falhas e desastres. Mas em alguns dias surpreendentes é invadido por enormes e súbitas ondas de poesia.
8 comentários:
ÉÉÉ...derrepente...pode até ser.
A poesia só dá a ilusão de que é possível compartilhar o subjetivo. Eu queria te contar dos meus silêncios, dessa pausa ao ler seu texto. Muito bom, poeta.
Ganhei "de presente" de uma amiga a sua crônica de hoje...Apaixonei! Pela crônica, claro!!!!!
Vou sentar na primeira fila.
Não costumo entrar em blogs, embora tenha um...Imagine! DE POESIA !!!...
Que louca!!!!!
Farei toda a viagem de volta nos seus escritos, até ao primeiro!
Ler na rede????!!!!É tudo que eu gosto, mesmo que tendo uma, eu a uso de maneira imaginária (a maioria das vezes).
Caso queira pode me encontrar no
vamoscirandar.blogspot.com
Será um prazer contactar.
Um abraço, Dinah Hoisel
Ultimamente seus textos são surpreendentes - irretocáveis. Nos invadem de súbita e belas ondas de poesia... em pequeninas crônicas.
Abs.,
lu
ih......poetas são os relojoeiros que, ao invés de desmontar, fazem essa máquina funcionar.
Poetas...
poesia e vida
sim e não
muito talvez e
as vezes nenhum controle da inspiração
Os poetas gostam de brincar
com as máquinas ...
com o tempo...
com o vento...
com as palavras!
Vida longa aos poetas!
A vida merece!
Caro Toinho,
permita-me elogiá-lo, (sem rasgação de seda), que sua escrita é uma das melhores do Acre, ainda mais por essa 'tonalidade' poética de olhar e expressar o mundo.
Um forte abraço!
Antonio,
Sabe que gostei de a máquina do mundo ser desmontada por poetas.
Com certeza a poética da vida emergeria a cada instante sem nenhum tempo - em tempo algum. O tempo todo. Entre tantos. Ah! "que maravilha viver..."
beijos,
lu
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