.......- Tenho mais alguma coisa para lhes dizer, que é muito mais séria -muito pior no que se refere aos Nativos, se não a vocês. Este planeta tem um inimigo. Não tinham percebido isso?
......Silêncio. Mais uma vez a palavra "inimigo" parecia passar por eles, diluindo-se na atmosfera da sala. Simplesmente era como se não soubessem onde encaixá-la. É uma sensação estranha, quando durante toda a vida se pensou em termos de confronto e superioridade, tratados e manobras políticas necessários para combater os vilões das galáxias, encontrar-se inesperadamente entre pessoas que jamais pensaram em termos de oposição, muito menos de maldade.
......Silêncio. Mais uma vez a palavra "inimigo" parecia passar por eles, diluindo-se na atmosfera da sala. Simplesmente era como se não soubessem onde encaixá-la. É uma sensação estranha, quando durante toda a vida se pensou em termos de confronto e superioridade, tratados e manobras políticas necessários para combater os vilões das galáxias, encontrar-se inesperadamente entre pessoas que jamais pensaram em termos de oposição, muito menos de maldade.
.......Tentei um pouco de humor:
......- Pelos menos devem saber que existem inimigo! Eles existem, sabem? Na verdade estão sempre ativos. Nesta nossa galáxia existem forças do mal em funcionamento, e são muito fortes...
.......Pela primeira vez entreolharam-se, com o movimento instintivo que é sempre sinal de fraqueza. Procuravam descobrir nos olhos dos companheioros o significado dessa coisa, "inimigo". Contudo, em seus primeiros relatórios, no início das nossas experiências em Rohanda, diziam que haviam rumores sobre espiões, e naturalmente espiões implicavam a idéia de inimigos, até para o mais inocente.
......Percebi que eram uma espécie que, por algum motivo imprevisto, não podia pensar em termos de inimigos. Eu mal podia acreditar. Jamais vira nada parecido em outros planetas.
(em Shikasta, de Doris Lessing)